''Toda manhã a menina metia-se no casaco de medos que usava desde pequenina e que foi crescendo com ela. E saía pelas ruas coberta de medos.
MEDO da solidão
MEDO que não a queiram.
MEDO que a queiram.
MEDO de voar.
MEDO de afogar-se.
MEDO de sentir-se perdida.
MEDO que tudo mude.
MEDO que tudo continue igual. Igual, igual, igual...
MEDO do futuro.
MEDO de repetir o passado.
MEDO de não avançar.
MEDO de dar um passo.
MEDO dos outros.
MEDO dela mesma.
O casaco ficou pesado demais e ela já não conseguia sair a lugar nenhum. Então encheu-se de coragem e resolveu livrar-se dele!
E voou... Para a lagarta pode ser o fim do mundo, para o resto do mundo pode ser uma linda borboleta....''
ELENA FERRÁNDIZ
AS CRIANÇAS E SEUS MEDOS
Quantas reflexões nestas poucas frases deste riquíssimo livro. O medo nos aprisiona, não nos permite sonhar, viver, mudar e transformar.
Chega a ser engraçado pensar que medos geralmente nos são impostos e transmitidos na infância. ''Pupa'' uma menina pequenina foi crescendo com seus medos. Muitas vezes, nós pais, educadores e professores com ótimas intenções super protegemos nossos pequenos, não os permitindo viver. Não os permitindo descobrir, por si só as surpresas da vida. Inculcamos neles medos, começando pelo famoso: ''se você não se comportar um monstro vai te pegar''. Por que fazemos isso? Por que sermos tão hostis com esta faixa etária tão aberta aos sonhos? Por que é tão difícil para nós adultos mostrar a realidade sem colocarmos medo? Será que esquecemos que o futuro de uma ''mente medrosa''- ou de um ''casaco pesado'' será insegurança e infelicidade na vida adulta?
Realmente nós pais e educadores, precisamos repensar nossas ações diárias quanto a este assunto. Precisamos rever nosso conceito do que é ser criança e do que é permitir vivenciar a infância dos nossos. E melhor, nos questionar o que realmente é infância. Sim, pois o conceito desta palavra evoluiu. A infância que eu vivi há vinte cinco anos atrás, as brincadeiras que brinquei, a educação que recebi, as orientações que meus pais tão incansáveis me davam NÃO SÃO AS MESMAS QUE AS NOSSAS CRIANÇAS VIVENCIAM E RECEBEM HOJE.
Presenciamos hoje uma realidade bem diferente de tempos atrás. Certamente o mundo mudou, o ''medo'' nos cerca, porém não podemos permitir que este exerça total influência em nós, afim de vestir nossas crianças com este casaco pesado. Pelo contrário, precisamos incentivar elas a voar, mudar, avançar, acreditar no próximo e principalmente acreditar nela mesma e em seu potencial. Apenas com este incentivo, e com a certeza de que acreditamos nestes pequenos seres, podemos quem sabe um dia ver ADULTOS MELHORES, MAIS HUMANOS E SEGUROS, FAZENDO DA PUREZA DE SUA INFÂNCIA AS SUAS ATITUDES DIÁRIAS!!!
Sim Karina. Imagina o que pode se passar na cabecinha das crianças. Perceba o angulo que as crianças vem o mundo e o entorno a sua volta. Muitos medos. E nós adultos, na minha opinião, devemos respeitar. Devemos conversar, ouvir, solidarizar e tentar amenizar este sentimento. Particularmente não concordo com adulto que diz que não é nada, que é frescura e que xinga a criança. É preciso dar apoio e proteção. Abraço, Betynha e Jacque (Tutoras do Seminário Integrador – Turma D)
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